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terça-feira, 13 de abril de 2010

Restauração da Catedral deve acabar apenas em novembro

As obras da Catedral Metropolitana de Brasília não terminarão antes do aniversário de 50 anos da capital. Até lá, apenas metade dos vitrais, principal atrativo da estrutura, deve estar instalada. A partir da próxima segunda-feira, no entanto, os passantes poderão visualizar um dos principais pontos turísticos da cidade sem tapumes e sem o pano que o cobre atualmente. Segundo o monsenhor Marcony Ferreira, pároco da igreja, a primeira missa acontecerá no dia 22. “É um presente para Brasília. É o monumento mais querido e visitado da cidade”, destaca. A missa de aniversário da capital será realizada na madrugada de 21 de abril, exatamente como aconteceu na inauguração da cidade em 1960, no altar-monumento montado na Esplanada dos Ministérios.

Em meio às obras,a Catedral recebeu ontem uma visita muito especial. A autora dos vitrais originais, Marianne Peretti, passou horas contemplando o renascimento de sua obra. “É um alívio porque são 13 anos esperando para refazer os vitrais. Gostei muito do que vi”, afirmou. Para a artista francesa — radicada no Brasil desde 1956 — o monumento foi alvo de negligência inexplicável já que “essa é a catedral da capital do país. É uma catedral única no mundo”. A reforma passa por constante acompanhamento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que o projeto original permaneça perfeitamente inalterado.

Os vitrais de Peretti ganharam nova vida nas mãos do vitralista Luidi Nunes, um dos mais celebrados do Brasil e do mundo. Ele conta que, quando entrou na igreja, o estado do material era tão ruim e o perigo de estilhaço eminente, quadro que o forçou a pedir a interdição do local. “Ou teríamos o vitral refeito ou não teríamos mais vitral”, explica. Foi por intermédio dele que a renomada indústria de vidros alemã Lambert aceitou reproduzir os vitrais com cores idênticas às dos originais. “Eles já conheciam a Catedral de Brasília. Ficaram eufóricos com o projeto”, lembra. Nunes conta ainda que os alemães fizeram questão de resolver problemas de mecânica dos vidros, tornando-os mais fortes e resistentes ao calor. As placas dos vitrais são produzidas na Alemanha e cortadas no Brasil. Cabe a Nunes, o monumental trabalho de montar as peças, respeitando as alterações de cor, manualmente.

Presente tecnológico
A catedral projetada por Oscar Niemeyer ganha também um presente da tecnologia. Presente este que promete acabar com os três principais vilões para a adequada conservação da igreja: calor, quebra de vitrais e sujeira. Os novos vidros receberam um tratamento de solução plástica que penetra nos poros microscópicos e deixa a superfície da estrutura mais lisa, impedindo a aderência de água e sujeira. Eles também têm a capacidade de bloquear a entrada de aproximadamente 40% do calor. “Insolação é ruim para tudo. Este é um vidro inteligente, mágico”, enaltece Nunes.

Os três anjos do artista Alfredo Ceschiatti já estão içados no centro da Catedral e receberam novos cabos, além de um sistema que permite o rebaixamento para limpeza. A reforma da igreja, orçada em R$ 25 milhões — patrocinada pela Petrobras e pelo Governo do Distrito Federal —- começou em julho de 2009 e a previsão do Iphan é que os trabalhos terminem em novembro. Além da substituição dos vitrais e da impermeabilização da estrutura, as redes elétrica e hidráulica também estão sendo reformadas, assim como os banheiros, o hall de entrada, a sacristia e as salas da administração.

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