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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Evangelho Cotidiano


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Evangelho segundo S. Lucas 10,38-42.

Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»

Da Bíblia Sagrada

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Bem-aventurada Isabel da Trindade (1880-1906), carmelita
Último retiro, 10º – 11º dias (OC, Cerf 1991, pp.173ss.)

«Maria, sentada aos pés do Senhor, escutava a Sua palavra»


Para que nada me tire do belo silêncio interior, [manterei] sempre a mesma condição, o mesmo isolamento, o mesmo distanciamento, o mesmo despojamento. Se os meus desejos, os meus medos, as minhas alegrias ou as minhas dores [...] não estiverem perfeitamente ordenados para Deus, não estarei sozinha e haverá ruído em mim; por isso, é preciso serenidade, «repouso das potências», concentração do ser. «Filha, escuta, vê e presta atenção; esquece o teu povo e a casa do teu pai. Porque o rei deixou-se prender pela tua beleza» [Sl 45 (44), 11-12]. [...] Esquecer o próprio povo parece-me difícil; porque aqui «povo» é todo este mundo, que faz, por assim dizer, parte de nós mesmos: é a sensibilidade, são as memórias, as impressões, etc. [...] Quando a alma faz essa ruptura, quando se liberta de tudo isso, o Rei fica prisioneiro da sua beleza. [...]

Vendo o belo silêncio que reina na Sua criatura e considerando que está absolutamente recolhida [...], o Criador fá-la passar por esta solidão imensa, infinita, [retira-a] para esse «lugar seguro» cantado pelo profeta [Sl 18 (17), 20] e que outra coisa não é se não Ele próprio. [...] «Ao deserto a conduzirei, para lhe falar ao coração» (Os 2, 16). Ei-la, a alma entrada nessa vasta solidão em que Deus Se fará ouvir! São Paulo diz: «A palavra de Deus é viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas» (Heb 4, 12). Portanto, será ela quem directamente completará o trabalho do despojamento na alma. [...]

Mas não é suficiente ouvir a palavra, é necessário guardá-la! (Jo 14, 23) E é guardando-a que a alma será «consagrada na verdade» (Jo 17, 17); é esse o desejo do Mestre [...]: não prometeu Ele àquele que guarda a Sua palavra que: «meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada»? (Jo 14, 23) É toda a Trindade que habita na alma que a ama verdadeiramente, ou seja, que guarda a Sua palavra.

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