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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Em minha boca estará sempre o seu louvor.” (Sl 34,1)

Considerando, a partir de nossa fé, e talvez até de nossa experiência, que cremos em um Deus de amor que criou bem todas as coisas – no amor, pelo amor e com amor –, devemos perceber que Lhe somos devedores de um grande e constante louvor.

O que nos impossibilita tal consciência e atitude? Creio que olhamos para tudo, mas muito pouco para Deus! Somos por demais insatisfeitos com tudo e não nos permitimos vê-Lo como realmente é: “Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador”. Essa falta de consciência e reconhecimento faz de nós pessoas tristes e insatisfeitas. Parece, às vezes, que nascemos aprisionados à infeliz condição de olharmos sempre para o que está faltando.

A profissão de fé, que nossos pais fizeram por nós, nos orienta a olharmos somente para Aquele que nos criou e que é perfeito em todas as coisas. Assim, unindo-nos a Deus, pela fé, nos tornamos seus autênticos filhos. Que sublime dom! Em nossa pobre condição, com toda sorte de fraquezas e pecados, pela fé nos tornamos filhos de Deus e, pela sua benevolência, merecedores de todas as suas bênçãos. Todavia, ainda não sabendo ser filhos do Altíssimo, o Pai nos entrega seu Filho que, em sua total condição humana, nos ensina, pelo sofrimento e pela obediência, o modo certo de sê-lo. Não bastando tão perfeito exemplo, com sua morte recebemos, como herança, o próprio Deus Espírito Santo, o qual clama em nós: “Aba Pai”. Esse mesmo Espírito nos conduz a viver todas as virtudes de Jesus Cristo; visto que o mesmo Espírito que atuou em Jesus, atua em nós na mesma intenção: revelar o Deus Amor.

O que nos sobra então para sermos insatisfeitos ou irrealizados? O sofrimento? Não seria o sofrimento de Jesus o perfeito exemplo para nós de reconciliação e transformação de todo mal em bem? Deus fez tudo no mais perfeito amor, e ninguém jamais poderá desdizê-lo ou questioná-lo. Ele, “por honra de seu nome, sempre nos conduz junto às águas tranquilas... mesmo que passemos por vales tenebrosos, nenhum mal haveremos de temer, porque Ele está conosco” (Sl 22).“Se tivermos que atravessar as águas profundas, Ele estará conosco e os rios não nos afogarão” (Is 43). Se, entretanto, nos sentirmos desvalorizados, por nós mesmos ou pelos outros, não aceitemos, pois o Senhor nos diz: “És precioso aos meus olhos e eu te amo, e por isso troco reinos por ti”. Se, no entanto, eu temer que Deus não mais me ouça ou me ajude, Ele me diz: “Em tempo de graça eu te respondi e no dia propício auxiliei” (Is 49,8); pois “pode uma mãe esquecer o filho de suas entranhas? Pois ainda que ela se esqueça não te esquecerei, pois estás tatu
ado na palma de minhas mãos” (Is 49,8). Sendo assim, como um verdadeiro pai me conduz: “Eu ensinei Efraim a andar e o levei em meus braços, mas ele nem percebia que eu cuidava dele. Com laços de amor os atraía, com laços de carinho” (Os 11,3-4). Nosso Deus é aquele que: “Discerne meus caminhos e é meu descanso, pois todas as minhas sendas lhe são familiares” (Sl 138,3). Se acaso eu pensar que Deus não me percebe, não vê meus sofrimentos, devo me lembrar que: “Meus ossos não te permaneceram ocultos quando eu fui feito no segredo, tecido em uma terra profunda. Teus divinos olhos já viam meu embrião, e por vós foram previstos os meus dias.” (Sl 138,15-16).

Que maior louvor encontraríamos, senão dizer junto com Maria: “Minha alma engrandece ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus meu salvador... pois fez em mim grandes coisas” (Luc 1,49).

Ensina-nos, ó Mãe, a reconhecer, junto de ti, as grandes obras do Senhor. Ajuda-nos a perceber que nos mistérios de nossa fraqueza, se esconde a perfeição dos traços do grande artista que é o Deus criador, que “fez bem todas as coisas” (Gn 1,37). Orienta meu coração para um constante louvor até o dia de minha morte, para que depois, face a face, eu o faça eternamente; crendo, então, que o Senhor, no extremo de sua glória e majestade, se levantará e me servirá o banquete celeste.

Mãe querida, protege-nos do grande mal da ingratidão, ensinado-nos a gratidão; e quando o Senhor permitir que me seja servido o cálice amargo do sofrimento ou dos tormentos deste mundo, que eu me lembre, Mãe, como o teu Filho Jesus o tomou humildemente por amor de mim. E assim, eu compreenda que jamais devo questionar o amor de Deus, mas sim, entoar o seu louvor por todas as coisas, para todo o sempre. Amém


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