sábado, 16 de julho de 2011

A tomada de posse canônica de Dom Sérgio da Rocha

1. Aspectos teológicos sobre a Igreja 'particular' de Brasília

A Arquidiocese de Brasília está se preparando para acolher seu arcebispo eleito, D. Sérgio da Rocha, que tomará posse no próximo 6 de agosto. A celebração acontecerá na Catedral Metropolitana de Brasília, precisamente porque é ali onde se encontra a cátedra que simboliza a Igreja particular confiada ao zelo pastoral do novo arcebispo.
Ao tomar posse da sede catedralícia, D. Sérgio partirá como
bom pastor para apascentar as suas ovelhas, em sua missão profética, sacerdotal e real, conduzindo o povo de Deus para a unidade dos membros do Corpo místico (a Igreja) com a sua Cabeça: Jesus Cristo. Auxiliado pelo Espírito Santo, conduzirá a comunidade mediante a pregação do Evangelho e a presidência do culto.

A primeira coisa que devemos distinguir, em relação à tomada de posse canônica de D. Sérgio como Arcebispo de Brasília, é o conteúdo teológico que tal processo encerra em si. Nesse sentido, o bispo diocesano é aquele a quem está entregue o cuidado de uma Igreja particular. Mas o que entendemos por Igreja particular? Estamos nos referindo à comunidade formada por todos nós enquanto fiéis cristãos em comunhão na fé e nos sacramentos com D. Sérgio, que foi ordenado na sucessão apostólica e nomeado por Bento XVI como pastor da Igreja em Brasília.

Isso significa que a Igreja não é a soma das Igrejas particulares, mas, sim, que cada Igreja particular é a Igreja universal. É nelas e a partir delas que existe a Igreja católica una e única. De fato, já os primeiros cristãos pensavam inicialmente no mistério global do povo de Deus, congregado em nome do Cristo Jesus, quando pensavam na Igreja. E assim, ao falarem de uma Igreja regional, local ou até doméstica, eles queriam dizer que ali se tornava presente o mistério da congregação no Cristo Jesus ou, o que é o mesmo, o mistério da Igreja universal.

Não se tratava apenas de uma parte ou de uma circunscrição, e a Igreja total não era concebida simplesmente como a soma das Igrejas particulares; tratava-se de sua presença manifestativa, múltipla e multiforme, qualitativamente a mesma. Daí as expressões de São Paulo quando escreve: “a Igreja de Deus que está em Corinto”, “a Igreja que está em Cêncris”, indicando ser sempre a mesma que se estabelece nas várias localidades. Será igualmente a linguagem utilizada por Santo Inácio de Antioquia e por muitos outros autores dos primeiros séculos.

O bispo é o vigário de Cristo, isto é, “aquele que faz as vezes de” Cristo. Ele tem o encargo pastoral da Igreja particular que lhe foi confiada. Após ter recebido os graus inferiores do diaconato e do presbiterato, D. Sérgio recebeu a plenitude do sacramento da Ordem sagrada, o episcopado, que o inseriu no Colégio episcopal e fez dele o chefe visível da Igreja particular que lhe é confiada sob a autoridade do Papa, sucessor de São Pedro.

A Igreja de Cristo está presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis que estão unidas aos seus pastores. Nessas comunidades está presente Cristo, quem faz da Igreja una, santa, católica e apostólica. Em primeiro lugar, Deus santifica a Igreja, apesar das limitações humanas e dos pecados dos seus fiéis. Por isso a Igreja é e continua a ser para o mundo o sinal visível da santidade de Deus. Deus é o seu autor e foi por ela que Cristo se entregou para santificá-la. Hoje ela continua em pé, percorrendo a história em virtude da força vivificante do Espírito Santo.

A Igreja é a depositária da herança do Senhor e anuncia Cristo como a esperança de todos os homens. Ela é sinal também do seu amor redentor para toda a humanidade. Por isso a Igreja está aberta a todos. É católica porque ela anuncia a totalidade da fé, guarda e administra a plenitude dos meios de salvação, é enviada a todos os povos, dirige-se a todos os homens, abrange todos os tempos e é, por sua própria natureza, missionária.

A Igreja estendida por toda a terra é apostólica, porque ela tem os seus fundamentos nos apóstolos, o primeiro dos quais é Pedro. Testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo no mundo e na história, eles proclamam o Evangelho e conservam os ensinamentos de Jesus. Para não deixar morrer a missão de salvar as almas, os apóstolos transmitiram a sua autoridade e o seu mandato a outros, os bispos.

Constituída também como corpo social e visível, a Igreja precisa dos vínculos eclesiais sobre os quais tem
caminhado ao longo dos vinte séculos de existência conduzida pelo Espírito Santo. Em primeiro lugar, a celebração dos mesmos sacramentos tem mantido-a unida e enriquecido-a com a diversidade de ritos. Depois, a profissão da mesma fé faz da Igreja o Corpo místico que permanece unido à sua Cabeça, apesar dos embates dos inimigos da fé e da alma. E por último, o mesmo regime eclesiástico faz da Igreja um sacramento, ou seja, sinal visível do amor tranformante que Deus tem por todos e cada um de nós.

Desse modo, D. Sérgio da Rocha visibilizará tais propriedades e vínculos eclesiais em virtude da sucessão apostólica e, consequentemente, em continuidade com os anteriores arcebispos de Brasília e em comunhão com o Sucessor de Pedro, Bento XVI.

 
Por Diácono Marcos Sabater
Paróquia Santa Maria dos Pobres
Jornalista (Rádio Maria e Arquidiocese de Brasília)

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