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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CNBB repudia radicalismo de sacerdotes!!!

O bispo diocesano de Jales, Demétrio Valentini, declarou que “A nossa instituição foi instrumentalizada politicamente com a conivência de alguns bispos”, se referindo a pregações de sacerdotes católicos contra o voto na candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

O alerta do bispo de Jales motivou publicação de nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), distribuída quarta-feira a toda a imprensa. A nota (reproduzida nesta página), apesar de não mencionar nominalmente a candidata Dilma Rousseff, condena a atitude de alguns sacerdotes, que têm “criado dificuldades para o voto livre e consciente”. Esse tipo de manifestação foi vista inclusive em algumas paróquias de São José do Rio Pardo, no Vale do Redentor e no Carlos Cassucci, cujos sacerdotes recomendaram aos fiéis que não votassem na candidata do PT, alegando que ela seria “contrária a valores cristãos”.

O primeiro integrante da Igreja Católica a manifestar posição contra a candidata foi o bispo de Guarulhos, Luiz Bergonzini – que, ainda como padre, trabalhou São João da Boa Vista, inclusive como gerente da gráfica que ra mantida pela Diocese. A nota articulada por Bergonzini e divulgada pela Regional Sul 1 da Igreja é bastante clara na recomendação de que católicos não votassem na candidata do PT, fazendo crer que a CNBB teria imposto veto a seu nome.

Para integrantes do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em São José do Rio Pardo, essa atitude isolada tem o único propósito de favorecer a candidatura do tucano José Serra.

Leia no quadro abaixo a íntegra da nota distribuída esta semana.

DIREITO DE RESPOSTA

Dilma Rousseff obteve direito de resposta depois de pregação feita contra ela por um sacerdote apresentador da TV Canção Nova. O PT pleiteou tempo de 15 minutos, mas a própria emissora propôs conceder oito minutos – o partido aceitou a contra oferta, mas o acordo ainda depende de homologação do Tribunal Superior Eleitoral.

Esse foi apenas mais um entrave que a candidata do PT enfrenta com parte do clero, que tem pedido claramente aos fiéis que votem no outro candidato, alegando que Dilma defende a prática do aborto em casos de gravidez indesejada.

No caso específico da TV Canção Nova, em programa ao vivo, um padre teria dito que a candidata e seu partido pretendem aprovar leis que cerceiem a liberdade de imprensa e de religião; que pretendem aprovar a celebração de casamentos entre homossexuais e que eles têm a intenção de transformar o Brasil em nação comunista e terrorista.

As acusações feitas pelo padre foram consideradas difamatórias e injuriosas, inclusive afirmando que “poderia ser morto ou preso em virtude de suas afirmações, “em clara sugestão caluniosa de que o PT poderia praticar algum crime contra sua integridade física”.

O MOMENTO POLÍTICO

E A RELIGIÃO

”Amor e Verdade se encontrarão.

Justiça e Paz se abraçarão” (Salmo 85)

"A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) está preocupada com o momento político na sua relação com a religião. Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente. Desconsideram a manifestação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 16 de setembro, “Na proximidade das eleições”, quando reiterou a posição da 48ª Assembléia Geral da entidade, realizada neste ano em Brasília. Esses grupos continuaram, inclusive, usando o nome da CNBB, induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem que ela tivesse imposto veto a candidatos nestas eleições.

Continua sendo instrumentalizada eleitoralmente a nota da presidência do Regional Sul 1 da CNBB, fato que consideramos lamentável, porque tem levado muitos católicos a se afastarem de nossas comunidades e paróquias.

Constrangem nossa conciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial.

Os eleitores têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.

Nesse sentido, a CBJP, em parceria com outras entidades, realizou debate, transmitido por emissoras de inspiração cristã, entre as candidaturas à Presidência da Republica no intento de refletir os desafios postos ao Brasil na perspectiva de favorecer o voto consciente e livre. Igualmente, co-patrocinou um subsídio para formação da cidadania, sob o título: “Eleições 2010: chão e horizonte”.

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, nesse tempo de inquietudes, reafirma os valores e princípios que norteiam seus passos e a herança de pessoas como Dom Helder Câmara, Dom Luciano Mendes, Margarida Alves, Madre Cristina, Tristão de Athayde, Ir. Dorothy, entre tantos outros. Estes, motivados pela fé, defenderam a liberdade, quando vigorava o arbítrio; a defesa e o anúncio da liberdade de expressão, em tempos de censura; a anistia, ampla, geral e irrestrita, quando havia exílios; a defesa da dignidade da pessoa humana, quando se trucidavam e aviltavam pessoas.

Compartilhamos a alegria da luz, em meio a sombras, com os frutos da Lei da Ficha Limpa como aprimoraramento da democracia. Esta Lei de Iniciativa Popular uniu a sociedade e sintonizou toda a igreja com os reclamos de uma política a serviço do bem comum e o zelo pela justiça e paz.

Brasília, 13 de Outubro de 2010.

Comissão Brasileira Justiça e Paz

Organismo da CNBB”

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