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sábado, 9 de outubro de 2010

Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Esta solenidade é um momento importante na vida de todos os brasileiros, especialmente dos brasilienses: é o dia da padroeira do Brasil e de Brasília. O sentido cristão para este fato é marcante e nos dá a dimensão de tal evento: o Brasil e Brasília possuem como intercessora oficial: a própria Mãe de Deus.

Além de ser uma honra a dedicação deste imenso país e desta bela capital, é sinal de uma intimidade dos habitantes que temos com Ela, por sermos filhos de Deus! Um relacionamento estreito com a Mãe do Salvador.

Para tal, sugere-se um relacionamento diferente do cristão com o próprio Cristo. A experiência do discipulado, da fé, da esperança e da própria caridade ganha mais qualidade na medida em que imitamos a Virgem Maria.

A intimidade dos filhos remetem a uma característica intrínseca na maternidade de Maria. Pode-se observar isto, a partir da Encíclica Octobri mense de Leão XIII, em 1891, onde ele diz: “Daquele grandioso tesouro que trouxe o Senhor (...) nada nos é distribuído a não ser por meio de Maria, porque assim quis Deus; de sorte que assim como ninguém se aproxima do supremo Deus a não ser pelo Filho, quase do mesmo modo, ninguém pode aproximar-se de Cristo a não ser por sua mãe”.

A percepção leonina é como que completada com Papa Pio X, na Encíclica Ad diem ellum Laetissimum de 1904, onde nos afirma: “Por esta comunhão de dores e de vontade entre Maria e Cristo “mereceu” ela ser muito dignamente feita reparadora do mundo perdido, e, portanto, dispensadora de todos os dons que nos lucrou Jesus com sua morte e seu sangue... Posto que sobressae a todos em santidade e união a Cristo e foi associada por Cristo à obra da salvação humana, de congruo (ou seja, por misericórdia de Deus) como dizem, nos merece o que Cristo mereceu de condigno (ou seja, por mérito próprio) e é a ministra principal da concessão das graças.”

O Papa Pio XII, na Mystici Corporis Christi de 1943 diz: “Foi ela, a Imaculada, isenta de toda a mancha original ou atual, e sempre intimamente unida com seu Filho, que, como outra Eva, juntamente com o holocausto dos seus direitos maternos e do seu materno amor, o ofereceu no Gólgota ao Eterno Pai por todos os filhos de Adão, de modo que a que era fisicamente Mãe da nossa divina cabeça foi, com novo título de dor e de glória, feita espiritualmente mãe de todos os seus membros.

Ao observar as riquezas do Magistério nos papas, podemos ir à Igreja sobre algumas afirmações sobre a nossa Mãe. Nos deparamos com o Concílio do Vaticano II que informa: “A maternidade de Maria, na economia da graça, perdura sem cessar, desde o consentimento que ela prestou fielmente na anunciação e manteve sem vacilar ao pé da cruz, até à consumação final de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, ela não abandonou esta missão salutar, mas, pela sua múltipla intercessão, continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz”.

Não se pode esquecer de João Paulo II. Ele, na oração do Angelus de 01-04-1984, observa: “A Virgem não sofreu em favor dela mesma, pois era a toda formosa, a sempre imaculada; sofreu em favor de nós, como Mãe de todos. Como Cristo, ‘carregou sobre si nossos sofrimentos e levou sobre si nossas dores’ (Is 53,4), assim também ela sentiu o peso das dores de parto de uma humanidade imensa, que nos regenera em Deus. O sofrimento de Maria, nova Eva, ao lado de Cristo, o novo Adão, foi e é o caminho real da reconciliação do mundo”.

O culto à Virgem, no entanto, é sempre em relação à pessoa de Jesus e nunca se separa dele. A dignidade que Ela possui está na raiz do nosso culto de louvor. A Virgindade é o ponto de partida para um culto de imitação. Maria Virgem se dá a seu Filho-Deus com coração indiviso (1Cor 7,32ss), sendo a atitude que a Igreja deve reproduzir em si mesma e à qual deve aspirar todo membro dela (2Cor 11,2).

Com estes motivos, observa-se, então, a importância de termos como padroeira, Nossa Senhora. Modelo de cristã, de discípula e de filha de Deus passa a nos remeter ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, por meio do exemplo da sua vida. Celebremos pois, com júbilo, esta data! Viva a Nossa Senhora Aparecida!

Por
Pe. André Pereira Lima
Assessor de Imprensa da Arquidiocese de Brasília

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