Magia do Iron Maiden enlouquece 45 mil fãs em SP
SÃO PAULO - Um exército de 45 mil fanáticos vestidos de preto lotou o Pacaembu no sábado para assistir ao grupo britânico Iron Maiden, que transformou seu show num verdadeiro culto religioso do rock pesado.
Pouco importou se a banda tocou apenas 16 canções em menos de duas horas de espetáculo, ou se deixou de lado clássicos essenciais como "Aces High," "2 Minutes To Midnight" e tantos outros. O Iron Maiden entrou em cena com o jogo ganho e os fãs não deixaram de reverenciar seus ídolos durante um segundo sequer.
Logo na primeira música, "Wildest Dreams," ficou bem claro que a banda cumpriu a promessa de trazer toda a parafernália utilizada em sua recente turnê européia, fazendo do cenário um castelo medieval sombrio e cheio de efeitos especiais.
Não é à toa que os veteranos são conhecidos como um dos melhores grupos ao vivo do rock. Eles sabem muito bem como se movimentar no palco, não deixam brechas, correm de um lado para outro e transformam o heavy metal num ritual adorado pelos fãs. Esta foi a sexta vez que eles tocaram no país.
Mas se a platéia estava eufórica, algo estava errado com o vocalista Bruce Dickinson, que parecia mal-humorado e de cara fechada. Não demorou muito para o motivo ser descoberto.
Após tocar "Can I Play With Madness," a terceira música, Dickinson fez o primeiro de seus vários discursos da noite, exigindo que a platéia parasse com o empurra-empurra na frente do palco antes que alguém se machucasse.
"Parem de empurrar, pois não quero ver ninguém aqui num cemitério," disse o vocalista, que teve seu pedido aceito imediatamente. A partir daí, ele esbanjou simpatia. E não era para menos, já que sabia muito bem que tinha em sua frente uma legião de fiéis que faria o que ele quisesse.
DISCO DE OURO
O mercado fonográfico pode estar em crise, mas não para o Iron Maiden no Brasil. O grupo agradeceu aos brasileiros pelo disco de ouro recebido por seu mais recente trabalho, "Dance Of Death," de 2003, e tocou em seguida uma série de canções do álbum.
A faixa-título trouxe Dickinson vestindo capa preta e uma máscara, iniciando a parte teatral tão comum nos shows da banda. "Paschendale," que fala sobre guerra, mostrou o vocalista vestido como um soldado, além de trovões, bombas explodindo e um palco repleto de trincheiras.
A banda arriscou poucos sucessos antigos e deixou para o final os mais esperados como "Hallowed Be Thy Name," "Fear Of The Dark" e "Iron Maiden," quando finalmente o mascote Eddie apareceu atrás da bateria, todo vestido de preto e com uma foice, tornando-se o momento mais ovacionado da noite.
Pouco depois, o sexteto voltou para o bis com a acústica "Journeyman," "The Number Of The Beast," seu maior clássico, e "Run To The Hills." Antes de tudo, no entanto, dá-lhe discurso. Dickinson elogiou o público paulistano e respondeu os boatos de que este seria o último show feito pela banda no Brasil.
"Eu prometo que enquanto o Iron Maiden existir, nós viremos tocar no Brasil. Prometemos que estaríamos aqui hoje e não cancelamos nossa turnê," disse o vocalista, referindo-se claramente aos shows que o Metallica cancelou no país. A platéia entendeu o recado e inesperadamente começou a gritar: "Metallica, vai tomar no...."
ENCONTRO DE GERAÇÕES
A relação dos brasileiros com o Iron Maiden é digna de estudo, tamanha a interação existente. O público não parou de cantar e pular, respondeu com entusiasmo a tudo que a banda fazia e chegou até a acompanhar "cantando" os solos de guitarra.
Se para uns o som do conjunto é datado, para outros é como se fosse sagrado, com vida eterna e que melhora cada vez mais com o tempo. Bastava olhar a platéia para perceber que a banda conseguiu a façanha de reciclar seus fãs, enquanto mantém os mais antigos.
"A música do Iron Maiden é eterna, passa de pai para filho, atravessando gerações," disse Paulo Gualtieri, de 44 anos, que foi ao Pacaembu acompanhado de seus dois filhos, Gabriel, de 15 e Felipe, de 16.
Fonte: Reuters
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