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quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

Reflexão - TEMPO DE NATAL


O ar tem cheiro de novo, o sorriso já plastificado esconde as caries que durante o ano todo insisti em enferrujar o contato entre pessoas civilizadas. Nas praças, arvores com seus enfeites alegóricos dão brilho e glamour aos mendigos que ali se escondem de suas casas e suas vidas. Verdadeiro presente da sociedade ocidental organizada ao aniversariante.
É tempo de flores sem sabores, de palavras climatizadas para efeito emotivo. É o deserto de uma ferida sedenta pregada na vida em uma parede de ingratidão. E isto é natal? Natal de quem?
Quem sabe que fracassou durante o ano e não admiti; Natal dos ingratos e dos que gratidão não merecem. Natal de quem precisa de gratidão alheia para suportar a própria bondade aparente.
Natal de quem tem raiva dele. Natal dos tolerantes porque tiveram infâncias protegidas e presenteadas; Natal dos que o detestam porque são impotentes tanto para aceitar as vantagens como para remover as suas injustiças.
Natal de todas ilusões. Porque um belo dia a gente descobre que as pessoas gostam mesmo é da ilusão. E ai fica tudo bem, porque menos exigentes, nós vamos aceitando que a realidade é tão complexa e infinita, que o homem precisa de ilusão para suportar tanto a lucidez como o completo desconhecimento das coisas.
Natal de quem gosta de desejar feliz natal; De quem finge que não gosta. Tudo bem! O natal não se abala por causa do que dele se pensa. Nem pelo que em seu nome se faça. Fortunas inteiras que continuam fazendo circular os presentes para quem deles menos precisa. Embora haja quem entenda o sentido do natal e a ele ajuste a sua vida, na dádiva e na doação, no natal e no ano inteiro.
Natal do canto gregoriano do advento. Natal das profecias. Natal de todos os símbolos em que transformou. Os legítimos e os aproveitadores.
Natal do generoso. Natal do detestado. Natal do “apesar de tudo eu gosto dele”; Natal do “no fundo ele é um bom sujeito”; Natal do “Vocês vão ter que ter muita paciência com ele”; Natal do artista sem platéia; Natal das bandas de rock sem atitude, das bandas poseur.
Natal de todos, que verdadeiramente acreditam no amor. Maior e mais profundo do que a breve percepção, critica ou deslumbrada, que dele tenhamos. Natal da humanidade mais humana, parte integrada da necessidade do homem amedrontado, temeroso da treva e cheios dos medos da própria fantasia e de todos os medos da realidade. Natal do homem que na percepção – fagulha, encontra o elo da terra/homem e Deus, na pessoa de Jesus Cristo.

Mais que consumismo ou até a própria fé individual, o natal é o que traz a luz do dia a capacidade do homem de amar e ser humano!

Feliz natal e que Deus na pessoa de Jesus Cristo nos traga vida nova!
Nicko Roriz; Equipe WMblog

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