As obras da Catedral Metropolitana de Brasília não terminarão antes do aniversário de 50 anos da capital. Até lá, apenas metade dos vitrais, principal atrativo da estrutura, deve estar instalada. A partir da próxima segunda-feira, no entanto, os passantes poderão visualizar um dos principais pontos turísticos da cidade sem tapumes e sem o pano que o cobre atualmente. Segundo o monsenhor Marcony Ferreira, pároco da igreja, a primeira missa acontecerá no dia 22. “É um presente para Brasília. É o monumento mais querido e visitado da cidade”, destaca. A missa de aniversário da capital será realizada na madrugada de 21 de abril, exatamente como aconteceu na inauguração da cidade em 1960, no altar-monumento montado na Esplanada dos Ministérios.
Em meio às obras,a Catedral recebeu ontem uma visita muito especial. A autora dos vitrais originais, Marianne Peretti, passou horas contemplando o renascimento de sua obra. “É um alívio porque são 13 anos esperando para refazer os vitrais. Gostei muito do que vi”, afirmou. Para a artista francesa — radicada no Brasil desde 1956 — o monumento foi alvo de negligência inexplicável já que “essa é a catedral da capital do país. É uma catedral única no mundo”. A reforma passa por constante acompanhamento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que o projeto original permaneça perfeitamente inalterado.
Os vitrais de Peretti ganharam nova vida nas mãos do vitralista Luidi Nunes, um dos mais celebrados do Brasil e do mundo. Ele conta que, quando entrou na igreja, o estado do material era tão ruim e o perigo de estilhaço eminente, quadro que o forçou a pedir a interdição do local. “Ou teríamos o vitral refeito ou não teríamos mais vitral”, explica. Foi por intermédio dele que a renomada indústria de vidros alemã Lambert aceitou reproduzir os vitrais com cores idênticas às dos originais. “Eles já conheciam a Catedral de Brasília. Ficaram eufóricos com o projeto”, lembra. Nunes conta ainda que os alemães fizeram questão de resolver problemas de mecânica dos vidros, tornando-os mais fortes e resistentes ao calor. As placas dos vitrais são produzidas na Alemanha e cortadas no Brasil. Cabe a Nunes, o monumental trabalho de montar as peças, respeitando as alterações de cor, manualmente.
Presente tecnológico
A catedral projetada por Oscar Niemeyer ganha também um presente da tecnologia. Presente este que promete acabar com os três principais vilões para a adequada conservação da igreja: calor, quebra de vitrais e sujeira. Os novos vidros receberam um tratamento de solução plástica que penetra nos poros microscópicos e deixa a superfície da estrutura mais lisa, impedindo a aderência de água e sujeira. Eles também têm a capacidade de bloquear a entrada de aproximadamente 40% do calor. “Insolação é ruim para tudo. Este é um vidro inteligente, mágico”, enaltece Nunes.
Os três anjos do artista Alfredo Ceschiatti já estão içados no centro da Catedral e receberam novos cabos, além de um sistema que permite o rebaixamento para limpeza. A reforma da igreja, orçada em R$ 25 milhões — patrocinada pela Petrobras e pelo Governo do Distrito Federal —- começou em julho de 2009 e a previsão do Iphan é que os trabalhos terminem em novembro. Além da substituição dos vitrais e da impermeabilização da estrutura, as redes elétrica e hidráulica também estão sendo reformadas, assim como os banheiros, o hall de entrada, a sacristia e as salas da administração.
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