No céu os Santos sabem através da comunhão com Deus de nossas condições aqui na terra. A sua felicidade no céu consiste em compreender a Deus. Eles participam da comunhão e do interesse de Deus por nós. Deus não é indiferente ao que está acontecendo aos seus filhos da terra por ele criados. Os Santos, que tanto se assemelham a Deus no seu amoroso interesse por nós, também acompanham as nossas lutas.
Podemos invocá-los, e eles podem ouvir as nossas preces. Como? É claro que os Santos não são oniscientes e nem onipresentes, mas no Céu todos os seus desejos razoáveis são satisfeitos pelo poder de Deus. É razoável que eles desejem conhecer os pedidos a eles dirigidos. Então, Deus habilita-os a conhecer as nossas preces. O tempo e a distância não são empecilhos; estas realidades que tratamos são coisas do espírito.
Por mais secretas que sejam, eles conhecem as nossas preces. Querem ajudar-nos, por mais desesperada que seja a nossa necessidade.
E podem ajudar-nos. Este é talvez o fato mais importante de todos. Eles são amigos de Deus, muito chegados a Ele pela sua santidade, que os fez “participantes da sua natureza divina”, como diz S. Pedro. Eles têm grande influência junto ao “Pai das luzes” de quem vem “todo dom melhor e todo dom perfeito” (Tg 1, 17). Que fique claro, o Santo intercede diante de Deus, mas é Ele quem faz o milagre.
Precisamos conhecer as vidas dos Santos e precisamos invocá-los em nossas necessidades continuamente. Devemos fazer todo esforço para nos lembrar deles. As imagens e os quadros são grandes auxílios para isto; nos inspiram seus exemplos e nos convidam à oração. Dias especiais de honra tributada aos Santos particulares renovam o nosso interesse por eles. Novenas, demonstrações públicas especiais, Procissões, a coroação da imagem da Santíssima Mãe de Deus no último de Maio, as peregrinações aos santuários, a dedicação de igrejas a um santo particular – todos estes são apenas alguns dos meios honestos, humanos, de nos ajudar a recordar e imitar os Santos.
Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, insistia sobre a necessidade de nos “recomendarmos” continuamente aos Santos. Santa Teresa de Ávila, também doutora da Igreja, tinha devoção especial a São José e a Santo Agostinho. Dentro da vasta órbita dos santos canonizados, é natural que cada pessoa tenha alguns pelos quais sente especial atração e devoção; e isto é muito bom.
No Batismo, a cada criança católica deve ser dado o nome de um Santo. É bom que um novo cristão tome o nome de um dos heróis da fé cristã. Além disto, o nome dá honra ao Santo, tal como um homem na terra é honrado por ter um filho com o seu nome. E, do mesmo modo que um homem acompanha com interesse e afeição a carreira do seu homônimo, assim também o Santo no céu se interessa por aqueles que trazem os seus nomes na terra e os ajuda.
Antigamente na ocasião em que era recebido o Sacramento da Confirmação, a Crisma, os católicos às vezes juntavam ao seu nome o de outro santo. A Confirmação introduz um homem numa nova fase da sua vida, a de “soldado de Cristo”. É apropriado ter outro santo a velar por ele na sua nova condição.
Não somente os indivíduos têm Patronos, mas também os grupos. A piedade cristã tem sugerido que certas profissões sejam colocadas sob a proteção de Santos que tiveram similar estado na vida. Os médicos são abençoados tendo como seu padroeiro S. Lucas, “o médico caríssimo” (Col 4, 14) e companheiro de São Paulo. Santo André é o Padroeiro dos pescadores, como é apropriado; S. José, dos carpinteiros e trabalhadores de modo geral; S. Marcos, dos escrivões públicos (ele era como que secretário de S. Pedro), e assim por diante.
Outros padroeiros foram sugeridos, numa época de fé. S. Cristóvão tornou-se padroeiro dos motoristas. Santo Estêvão, que foi o primeiro cristão a morrer pela sua fé – foi apedrejado até morrer – tornou-se o santo padroeiro dos pedreiros. S. Dimas, o bom ladrão, tornou-se o padroeiro dos condenados à morte. Nenhuma condição de vida deixa de ter o seu padroeiro. Os agricultores têm Santo Isidoro; os vinhateiros, S. Vicente Mártir; os sapateiros, S. Crispim. Há até um padroeiro dos comediantes, S. Vito. Veja como a Igreja dá importância à proteção dos Santos.
Conta-se a história de S. Brás, a quem, enquanto aguardava o martírio na prisão, trouxeram uma criança em perigo de sufocação por causa de uma espinha de peixe que lhe atravessara na garganta. Pela oração do Santo, a aflição dissipou-se. Em igrejas católicas, a 3 de fevereiro de cada ano é dada uma bênção especial aos fiéis, rogando a S. Brás protegê-los contra as doenças da garganta.
Santo Antônio de Pádua é invocado quando se precisa de assistência para achar alguma coisa perdida. Isto aparentemente se origina de uma história de que um noviço, no mosteiro dele, uma vez fugiu levando consigo um livro valioso. Pela oração de Santo Antônio, o rapaz foi colhido por uma violenta tempestade. Assustado, resolveu não somente devolver o livro, mas emendar sua vida.
Não se deve imaginar que seja uma superstição infantil que sugere tais devoções. A oração pode ajudar-nos mesmo nos negócios diários mais comuns. Certamente é mais apropriado rezar a algum Santo que tenha ligação, embora remota, com a nossa necessidade, do que rezar sozinho, sem o auxílio das orações dele.
Em épocas recentes, a Igreja Católica declarou oficialmente certos santos patronos universais de obras particulares. S. José, o pai adotivo de Cristo, é o Patrono da Igreja Católica inteira. Isto foi declarado pelo Papa Pio IX em 1870. Santa Teresa de Ávila diz que São José nos socorre em todas as necessidades, seja qual for. Se na terra São José foi o protetor do próprio Menino-Deus, deve ser agora o Patrono (protetor, defensor, guarda) do seu Corpo Místico, a Igreja.
É eloqüente o testemunho de Santa Teresa devotíssima de São José. No “Livro da Vida”, sua autobiografia, ela escreveu : “Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo, e os perigos de que me tem livrado, tanto do corpo como da alma. A outros santos parece o Senhor ter dado graça para socorrer numa determinada necessidade. Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre em todas. O Senhor quer dar a entender com isso como lhe foi submisso na terra, onde São José, como pai adotivo, o podia mandar, assim no céu atende a todos os seus pedidos. Por experiência, o mesmo viram outras pessoas a quem eu aconselhava encomendar-se a ele. A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus...De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida".
S. Vicente de Paulo é o padroeiro de todas as obras de caridade. Santo Tomás de Aquino é o patrono das universidades e escolas. S. Francisco Xavier e Santa Teresa do Menino Jesus são padroeiros das Missões e São Francisco de Sales, dos escritores e jornalistas.
Assim, todo movimento e toda boa-obra em que os homens se empenham são santificados ao serem dedicados a algum Santo. Por essas devoções sabemos que os Santos velam com interesse e auxílio. Eles têm influência junto de Deus; e essa influência está à nossa disposição. E torna-se efetiva por meio da oração. Quem não crê nisto que a Igreja ensina, deixa de receber muitas graças.
Sim, nós honramos os Santos por estarem tão perto de Deus. Imitamo-los para podermos aproximar-nos mais de Cristo; rezamos a eles para que eles juntem as suas preces às nossas feitas ao nosso Deus que é o Pai de todos nós.
Se você quiser conhecer um pouco dos que os Santos nos ensinaram, pode ler os nossos livros: “Na Escola dos Santos Doutores”; “Ensinamentos dos Santos” e “Alimento Sólido” (Editora Cléofas).
Do livro O CULTO DOS SANTOS, RELÍQUIAS E IMAGENS - Prof. Felipe Aquino
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