Páginas

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A alma da oração é a verdade!!!

Somos templos vivos do Espírito Santo. Ora, se somos templo vivos - e o somos - isso significa que esta casa - que é de Deus - precisa ser uma casa de oração. O que rezar? Como rezar? O que é oração, na verdade?

Precisamos confessar uma coisa: não é fácil rezar! Aliás, rezar é uma das coisas mais difíceis para o cristão, simplesmente pelo fato de trazermos dentro de nós, fruto do pecado original, uma indisposição para isso. Todavia, é fundamental que venhamos, num primeiro momento, a entender o que verdadeiramente significa oração.


Para responder a essa pergunta, somos convidados a recorrer à definição de Santa Teresa d’Avila sobre a oração: a oração é um diálogo entre duas pessoas que se amam. Ana, a mãe de Samuel (I Sm 1,1ss) também traz uma definição espetacular do que é oração, quando interpelada pelo sacerdote Heli sobre sua atitude, aparentemente estranha no templo, ela lhe diz: “meu senhor, eu simplesmente derramo a minha alma na presença do Senhor”. A atitude dos maiores homens e mulheres da Sagrada Escritura também nos mostra sobre o que é oração, pois sempre tiveram a coragem de rasgar as vestes na presença de Deus, ou seja, tinham a coragem de rasgar o coração, arrancar as máscaras e desnudar-se diante do Senhor, numa atitude de profunda transparência e verdade diante do Pai. Isso é oração!

Ora, se oração é intimidade diante de Deus, é rasgar o coração diante d’Ele, é derramar a alma diante d’Ele, aqui está o grande motivo pelo qual não conseguimos rezar. Por quê? Porque somos acostumados a ir para a oração e colocar máscaras diante do Senhor, pois achamos que Ele vai nos atender se formos “bonzinhos”, pois o mundo só aceita os “bonzinhos”, aqueles que não possuem dificuldades e limitações. Então para sermos aceitos pelas pessoas, precisamos disfarçar nossas misérias e pecados; e o mesmo comportamento temos diante de Deus Pai. Aqui está o ponto pelo qual não somos atendidos pelo Senhor: queremos usar máscaras diante d’Ele.


Os Padres do Deserto vão dizer que a alma da oração não é a piedade – estar inteiro na oração; isso é consequência da oração. Da mesma forma, a alma da oração não é a fidelidade – todos os instantes, momentos e dias, estamos em oração; isso também é consequência. Para os Padres de Deserto, a alma da oração é a verdade, ou seja, tudo aquilo que está dentro de nós, cujo conteúdo não temos a coragem de partilhar com ninguém. Aliás, o Senhor quer conversar conosco
nesse diálogo de amor – a oração –sobre tudo aquilo que não veio d’Ele, ou seja, nossas misérias, nossos pecados.


Tudo aquilo que temos de bom, de virtudes e talentos em nós, na oração o Senhor quer que, no máximo, venhamos a agradecer e colocar tudo isso a serviço dos irmãos. O que Ele quer conversar conosco é sobre aquilo que não veio d’Ele: nossas misérias, nossos pecados, nossas feridas, pois Ele quer transformar tudo isso em carisma, em dom, em vida para a vida dos outros. Para isso é preciso rasgar o coração e suplicar com confiança, pois esta é a mãe da oração; a confiança é este vaso que colhe a Misericórdia de Deus, que se derrama do Coração Misericordioso de Jesus, do Seu lado aberto da cruz redentora.


Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

Nenhum comentário:

Postar um comentário