Meus irmãos, hoje é o dia de nós darmos o passo do perdão. Um perdão verdadeiro. Só que nós nos assustamos, não é!? Porque perdoar é difícil (e eu concordo), especialmente com relação a certas coisas que fizeram conosco.
A grande dificuldade que nós temos de perdoar é a seguinte: nós pensamos que, se perdoamos, estamos “dando razão” ao outro. Que a pessoa não tem nenhuma dívida conosco. Que a pessoa está certa. Se eu a perdoo, então estou afirmando que ela está certa. Não! Não é isso. Na verdade, a pessoa nos deve. Como alguém que nos deve dinheiro.
"Não espere sentir [vontade de perdoar] para depois poder perdoar. Não! Dê o primeiro passo"
Mas veja bem: na hora em que você perdoa uma dívida, a dívida está perdoada. Você não disse que o seu devedor estava certo ou não. Ele era um devedor! E continuaria sendo um devedor. Continuaria devendo para você. Você não disse que ele estava certo e o que ele fez era correto. Não! Pelo contrário, você está dizendo: “Aquilo que você fez comigo, a injustiça que você praticou, o mal que você me fez, a calúnia, a mentira que você disse, os maus-tratos e as ofensas, tudo isso foi errado e é errado, mas eu perdoo”.
Portanto, em primeiro lugar, o perdão é um ato de vontade. Não espere “sentir” para depois poder perdoar. Não! Dê o primeiro passo. E hoje é o dia para dar um passo assim.
Já, agora, vá abrindo o coração. Vá se dispondo para perdoar. Você sabe bem quais são as pessoas que você precisa perdoar. Perdoar, por coisas grandes e por coisas pequenas, a pessoas muito próximas, de dentro da sua casa, porque, muitas vezes, os nossos problemas ali são domésticos, caseiros, entre marido e mulher, pais e filhos, entre irmãos, vizinhos, os outros parentes nossos. Mas também pode acontecer com pessoas não próximas a nós. Pode ser coisa grande, mas, muitas vezes, nós nos “enroscamos” em coisas pequenas. Só que nós não perdoamos. E o que é pior: o perdão não dado cria em nós o ressentimento. E o ressentimento quer dizer “re + sentir”. Na hora em que a pessoa fez alguma coisa de mau para você, você sente. Se você não perdoa, você começa a partir daí a ressentir. É como uma farpa que entra no seu dedo (e quantas vezes acontece isso com quem trabalha na roça). Se nós tiramos a farpa, tiramos e pronto! O mesmo acontece com o perdão: no coração eu perdoei. Talvez nem seja necessário que eu fale com a pessoa: “Eu estou te perdoando”. Mas a gente perdoa e não fica guardando! Agora, se você deixa a farpa ali no dedo, não é verdade que logo começa a ficar “amarelinho” e a doer? O dedo começa a latejar e a inflamar. Pode até infeccionar! E talvez o médico tenha que fazer um corte para acabar com a infecção. Gente, é assim que acontece quando nós não perdoamos!
Agora imagine se você tem farpas em todos os dedos. E duas ou três farpas em cada um deles. Não é assim que acontece conosco? Nós não perdoamos ali, não perdoamos acolá, e podemos trazer "farpas antigas" que estão "nos infeccionando".
E repare: se você não tira a farpa, não é a farpa que sofre. É você que sofre! Então me deixe dizer: perdoar é o melhor para nós! Eu diria: perdoar é inteligência. É dolorido tirar a farpa? É dolorido. Mas é uma dorzinha naquele momento e pronto! Perdoe, meu filho! Perdoe, minha filha! E você vai dizer: “Mas é difícil!” E eu concordo: é difícil. Só que é preciso dar esse passo.
(Trecho da pregação "Perdão, ato de vontade" de monsenhor Jonas Abib)
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