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sábado, 19 de março de 2011

João Paulo II é modelo de oração e busca pela paz, diz cardeal

Faltando pouco mais de um mês para a beatificação de João Paulo II, vamos conhecer a experiência de quem conviveu de perto com o futuro santo. Um dos mais próximos colaboradores de João Paulo II, Cardeal Roger Etcheguerá recorda suas viagens ao redor do mundo como um mensageiro da paz

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O Cardeal Roger Etchergaray é um dos mais próximos colaboradores de João Paulo II, que o chamou a Roma em 1984 para liderar o Conselho Pontifício Justiça e Paz e "Cor Unum ".

Ele recorda suas viagens ao redor do mundo como um "mensageiro da paz" do Papa Wojtyla. Hoje, aos 88 anos, como vice-decano do Colégio Cardinalício, este filho orgulhoso dos Pirenéus franceses, especialmente viaja com os artigos, os livros e a memória.

O Cardeal Etchegaray ajudou na preparação das históricas viagens do Papa João Paulo II a Cuba e a Sarajevo, e diz que por ter seguido João Paulo II por todo o mundo sabe de muitos exemplos que o Papa deixou, simplesmente, porque era aquilo que Deus queria que ele fosse: "uma pessoa em harmonia com seu Criador".

Em 1986, como presidente do Conselho "Justiça e Paz, o cardeal foi convocado pelo Papa João Paulo II para organizar o primeiro Dia Mundial de Oração das Religiões pela Paz.

"O evento de Assis é um marco na história da humanidade. Até então nunca havia acontecido uma reunião de líderes de todas, ou pelo menos de tantas religiões do mundo. O grande sinal, desejado pelo Papa, era que cada um pudesse rezar com sua própria oração. E não houve confusão entre eles, cada um era aquilo que era: um católico - católico, um protestante - protestante, um hindu - hindu, mas todos juntos. E o Papa, que teve a ideia de convidar todos a Assis, não quis se colocar acima de ninguém", recorda o cardeal.

Em 2003, o Papa João Paulo II enviou Dom Etchegaray em missão ao Iraque de Saddam Hussein, em uma tentativa desesperada de evitar a segunda Guerra do Golfo.

O cardeal conta que João Paulo II sofria ao ver que seus apelos não foram escutados. "Ele sofria muito. Depois de cada grande missão que eu ia, ele me esperava, me convidava para jantar para que eu lhe contasse o que havia visto. Eu sentia que ele era alguém como eu, um Papa, antes de tudo, humano. Ele sofria ao ver homens que queriam matar uns aos outros. Penso na África, onde há muitas guerras étnicas e massacres, irmãos que se matam, penso na Ruanda, onde estive em pleno genocídio. E foi para mim um grande sofrimento. Eu sofri com o Papa".

Dom Etchegaray também organizou o Grande Jubileu do ano 2000, o ponto mais alto do pontificado de João Paulo II. O documento, deixado por ele no final do Jubileu, ainda merece ser meditado nos dias de hoje, diz o cardeal.

"O texto diz o que a humanidade deve ser para corresponder a vontade de Deus, que criou o homem para ser feliz. E este é um conceito que tem sido esquecido, hoje, todos nós parecemos um pouco tristes, as vezes temos motivo, tantas tragédias que afetam os continentes. Mas, apesar de tudo isto, o Papa nos ensina a superar tudo. Temos de voltar a suas primeiras palavras quando foi eleito. “Não tenhais medo!” Hoje temos medo de tudo e de todos, mas o Papa nos exorta a não temer, porque Cristo está conosco. O cristão que não tem medo de nada, nem mesmo a maior das tragédias, é porque acredita em Cristo. O Papa tinha uma fé extraordinária no Senhor, eu o observava de perto, e raramente vi um homem que conseguisse se concentrar tanto para rezar. Se tenho que dar uma definição, diria que ele era um homem de oração, um homem de comunicação com Deus, que recorria a Ele em cada situação e o escutava em tudo".

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