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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Artigo: O Itinerário do Natal

Em cada Natal, a nossa memória litúrgica se dirige a Belém, àquela humilde cidade e àquela Família que se tornaram a casa onde o eterno Filho de Deus habitou e santificou. Neste ano, na vivência do Ano da Fé, o itinerário do Natal que somos chamados a percorrer é, de um modo especial, um itinerário de fé, que deve se desenvolver gradualmente na escola de Cristo.

Começamos a percorrer o nosso itinerário rumo ao Natal de Cristo por meio do tempo litúrgico do Advento. “O Senhor virá... naquele dia brilhará uma grande luz”. (Zc 14,5.7). A profecia de Zacarias evidencia o típico clima espiritual do Advento: expectativa, esperança, penitência e conversão. Na escola de Cristo, nós percebemos que, mesmo em meio ao frenético ritmo das sociedades modernas e em meio à correria do fim do ano, somos convidados a contemplar a Deus no cotidiano, meditando os acontecimentos centrais da história da salvação e inserindo-os na história da nossa fé, recordando e atualizando a certeza do amor salvífico de Cristo por nós.

A nossa permanência na escola de Cristo faz-nos ver que um requisito indispensável da fé é, sem sombra de dúvidas, a conversão, isto é, o íntimo e fecundo desejo de abraçar a santidade e repudiar o pecado com veemência. Nesse movimento interior de abandono em Deus, nós sentimos a necessidade de participar do Sacramento da Reconciliação, para que possamos arrumar a morada dos nossos corações para o Menino Jesus. Com a alma em estado de graça, celebramos o nascimento do nosso Redentor e percebemos que, por amor, “o Verbo habitou entre nós!” (Jo 1, 14). Com renovada fé, fixamos o nosso olhar no Verbo Encarnado e assim reencontramos a razão de ser da nossa esperança.

No itinerário imediato do Natal, com os ouvidos da fé, ouvimos os anjos anunciando: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama!” (Lc 2,14). Inspirados pelo anúncio dos Anjos, pedimos ao Menino Deus que as guerras e as diversas formas de violência sejam vencidas pela força do amor. Pedimos que o egoísmo e o ódio cedam lugar ao diálogo, à reconciliação, ao perdão, à justiça e à paz. Pedimos ainda a graça de saber conservar em nosso coração, a cada novo dia de nossas vidas, a memória dos acontecimentos centrais do Natal.

Passo decisivo e importante do nosso itinerário para o Natal é o desejo de querer permanecer na escola de Cristo, aprendendo novas lições por meio da contemplação silenciosa das virtudes de São José e da Virgem Maria. Com o coração em chamas, percorremos o lar de Nazaré, observamos as marcas do Eterno no cotidiano do lar e expressamos o nobre desejo de participar da filiação divina, cultivando a graça e crescendo na vivência da fé. Sabendo que o discípulo de Cristo tem a grata obrigação de ser missionário, partimos de Belém em direção às modernas Jerusaléns do mundo atual, professando a convicção de que o Natal é uma ocasião de crescimento no conhecimento e no amor a Cristo, mediante o exercício diário da fé. No desenvolvimento da missão de anunciar a beleza do Natal para o nosso próximo, passamos a ser a humilde porta da fé que conduz os nossos contemporâneos a Jesus. Adentrar a porta da fé para contemplar os mistérios do Natal é um privilégio. Por isso, eu faço votos que todos nós saibamos percorrer, com coragem e santidade, o itinerário do Natal, olhando para o Ano da Fé e seus desafios com a confiança segura de que o nosso Redentor continua nascendo em nossas comunidades, em nossas vidas e em nossas famílias.

Feliz e abençoado Natal a todos!


Por Aloísio Parreiras
(Membro do Movimento de Emaús de Brasília)

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