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domingo, 15 de novembro de 2009

Alma de Bento XVI em CD inédito

As palavras recitadas e cantadas por Bento XVI estão na base do CD “Alma Mater”, apresentado na noite desta Terça-feira em Roma à imprensa internacional. Uma obra que, como a Agência ECCLESIA pôde testemunhar, mistura a tradição gregoriana com a música clássica contemporâneo, com apontamentos do mundo árabe e hindu.

Oito peças inéditas de três compositores (um católico, um ateu e um muçulmano) combinam-se com as orações e reflexões sobre a Virgem Maria que o Papa apresentou no Vaticano e nas suas peregrinações por todo o mundo, em particular pelos diversos santuários marianos. Não falta, por isso, a língua portuguesa, retomando uma reflexão apresentada em Aparecida, Brasil, no ano de 2007, lembrando o “clamor de Fátima pela conversão dos pecadores”.

Na conferência de imprensa de apresentação da obra, com lançamento mundial marcado para 30 de Novembro, foi sublinhado que se trata da primeira vez que se realizou uma produção deste tipo com a colaboração da Rádio e do Centro Televisivo do Vaticano (CTV).

O Pe. Federico Lombardi, director de ambos e porta-voz do Vaticano, destacou que não se trata de um “disco do Papa”, mas de um álbum que foi inspirado nele e que Bento XVI está “muito disponível para as propostas dos seus colaboradores” no que diz respeito a formas inovadoras de evangelização, com novas linguagens, utilizando as novas tecnologias e promovendo novas relações.

“O Papa está consciente da necessidade de busca positiva de novas linguagens” artísticas e musicais, assinalou.

A Rádio Vaticano (RV) e o CTV, dada a “experimentalidade deste produto”, usaram de “grande prudência” quanto ao uso da voz e da imagem do Papa, evitando fazer “business” (sic) com as mesmas. Receberam apenas 25 mil Euros, no caso da RV, e menos de 7 mil, quanto ao CTV.

“Desejamos grande sucesso a este disco”, disse o Pe. Lombardi, sublinhando que o serviço do Vaticano é “de carácter apostólico e não de carácter comercial”.

Sem revelar se Bento XVI já teria ouvido o álbum, este responsável limitou-se a assegurar que a sua secretaria pessoal já recebeu um dos primeiros discos.

50 palavras

Na génese da obra está o Regina Caeli, a oração mariana dominical do tempo de Páscoa, que Bento XVI cantou pela primeira vez, enquanto Papa, no dia 1 de Maio de 2005. O Pe. Giulio Neroni, Paulista, viu surgir, ao ouvi-lo, a ideia deste CD.

A Secretaria do Estado aprovou o projecto e endereçou-o para a RV, que tem o direito do uso comercial da voz do Papa. Foi concedida à San Paolo Multimédia, dos Paulistas, o uso da voz, mas a responsabilidade do CD é da sua produção, não do Vaticano.

Na obra encontramos 8 breves passagens com a voz do Papa,

com orações e reflexões, geralmente de carácter mariano. Sete são em tom recitativo, misturando-se com a música e uma passagem de canto, o referido Regina Caeli, num total de nove minutos e 47 segundos de intervenções papais.

As palavras cantadas por Bento XVI que podemos ouvir neste álbum são exactamente 50, misturadas com as vozes do coro da Academia Filarmónica de Roma, gravadas na Basílica de São Pedro, e a Royal Philarmonic Orchestra, de Londres, que gravou nos famosos estúdios de Abbey Road.

No livro que acompanha o disco há ainda reflexões marianas escritas pelo Cardeal Angelo Comastri, vigário geral do Papa para o Estado do Vaticano.

O CTV disponibilizou imagens para o documentário vídeo que se associa ao álbum e eventual uso em concertos, o primeiro dos quais está já previsto para o dia 2 de Dezembro, na Catedral de Westminster (Inglaterra).

Para o Pe. Lombardi, a intenção fundamental do envolvimento do Vaticano num projecto deste género é “procurar experimentar linguagens e modos novos para transmitir uma mensagem religiosa e espiritual”, para “aproximar a voz e a pessoa do Papa a um público mais vasto”.

A música, disse, é “uma linguagem eficaz” para comunicar a um grande público, juvenil, mas não só, reforçando que este “Alma Mater” é um “esforço digno de respeito e encorajamento”.

Lembrando que no próximo dia 21 de Novembro terá lugar o encontro do Papa com os artistas, o porta-voz do Vaticano afirmou que “a arte é uma aliada natural do espírito”, para lá das pertenças religiosas, procurando “relançar esta aliança entre a música e o espírito, para alimentar as dimensões religiosas da pessoa”.

Na conferência de imprensa foi confirmado que uma parte das receitas será destinada a instituições que oferecem ensino musical a crianças desfavorecidas.

Sonoridade cinematográfica

A inspiração das oito músicas que compõem este CD brota de passagens do Gregoriano e litanias dedicadas a Maria.

Os compositores chegam da Itália, da Inglaterra e de Marrocos, com experiências muito distantes do Canto Gregoriano e da música religiosa: Stefano Mainetti (católica), Simon Boswell (ateu) e Nour Eddine (muçulmano).

O resultado final é uma fusão surpreendente, em que até a voz do Papa surge com uma doçura a que mesmo os seus ouvintes mais fiéis não estão habituados. Somos quase sempre remetidos para um mundo cinematográfico, mais do que estritamente religioso, procurando provocar emoções e surpreender.

Neste sentido, destacam-se as notáveis combinações entre a tradição musical católica e a música tradicional árabe, feita por Nour Eddine, e a mistura entre antiquíssimos motivos gregorianos e outro hindu, feita por Stefano Mainetti.

O Pe. Vito Fracchiola, da San Paolo Multimédia, assegurou que quem escutar este CD notará que “o autor e actor principal deste álbum é o Papa”

Já Colin Barlow, presidente da Geffen/Reino Unido, falou numa “história extraordinária” e num álbum de “absoluta beleza”.

“Temos um álbum muito especial, no qual estamos todos orgulhosos por ter participado”, assegurou.

Sobre o número de álbuns que espera vender, Barlow admitiu que este deve ser um “álbum muito popular”. “Podemos vender muitas cópias”, disse, destacando que o “Alma Mater” chegará a todo o mundo e a todos os mercados.

Fonte: www.agencia.ecclesia.pt

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